quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Viva a América!

Quando mudei o cardápio do meu restaurante, há duas semanas atrás, resolvi colocar um especial de fim de semana, tacos mexicanos. Na verdade, pela aceitabilidade das pessoas e falta de ingredientes para preparar a receita original, utilizei uma receita Tex-Mex, uma mistura de cozinha mexicana e americana e não uma receita tradicional do México. Foi assim que comecei a me aprofundar na comida mexicana, peruana, boliviana e etc.
Quando pensamos em gastronomia, normalmente o que vem em nossas cabeças são as artes francesas, italianas e espanholas de preparar refeições.
É claro que esses países são os principais ícones da gastronomia mundial, mas descobri que os países da América são muito responsáveis pelo sucesso da velha escola européia.
O que seria do macarrão italiano sem molho de tomate? A França sem chocolate? A tortilla espanhola sem batata?
Infelizmente, as culturas originárias da América foram dizimadas e substituídas pelas européias e muita coisa se perdeu. Entretanto, a comida encantou os dominadores europeus, que se encantaram com os ingredientes e pratos criativos do novo mundo.
Hoje há uma crescente valorização da culinária latina no mundo. A comida também entrou na onda da globalização, e de um tempo para cá o mundo provou e gostou dos sabores exóticos da nossa comida.
Dentre as grandes contribuições da culinária americana, o tomate, a batata e o chocolate são, pra mim, as mais importantes.
O tomate hoje é conhecido em todo o mundo por ser a base do molho que tradicionalmente acompanha o macarrão italiano. Na culinária mexicana, o tomate também aparece em molhos, principalmente os frios, como o que leva tomate, cebola, alho e lógico, pimenta. Sabia que o nome correto do nosso vinagrete deveria ser salsa mexicana?
Isso porque vinagrete é um molho francês à base de azeite, mostarda e limão. A mistura de tomate, cebola, alho e ervas picadas com vinagre e azeite é quase a salsa mexicana, um molho que acompanha praticamente todas as refeições de verão no México.
A batata é originária do Peru, e é um dos vegetais mais utilizados na Europa. Recentemente pesquisadores chegaram à conclusão de que todas os tipos de batata (mais de três mil) descendem de uma única espécie, cultivada no sul do Peru.
Então, se não fosse o Peru, você não ia saber como é gostoso comer batatinhas fritas crocantes e douradas por fora e macias por dentro. Pense bem, você já se imaginou sem batata? Eu não!
Por fim, a última das contribuições mais importantes, e a mais importante para a minha mulher (chocólatra em tratamento, coitada), é o chocolate.
Os astecas cultivavam o cacau e bebiam um líquido parecido com o chocolate quente de hoje. Foram eles que descobriram a maravilha que é o chocolate. Como eu gosto desse povo!
Por fim, cheguei a uma conclusão um tanto romântica, se não fosse a culinária da América, o mundo seria mais triste!
Como esse carnaval está mais parecido com um feriado de inverno, o prato do dia é uma sopa mexicana muito saborosa e diferente. Pra tomar embaixo do cobertor, assistindo ao desfile das escolas de samba pela televisão. Pode?

SOPA MEXICANA
6 tortillas de milho
2 pimentas vermelhas secas
3 tomates bem maduros
5 dentes de alho descascados
1 abacate maduro
2 litros de caldo de galinha
1 cebola picada
200g de ricota
1 limão

Corte as tortillas em tiras finas e frite em óleo quente até ficarem crocantes. Se não achar tortillas de milho, compre uns dois pacotes de Doritos e pique grosseiramente o salgadinho.
Abra as pimentas secas, remova as sementes e corte em tirinhas finas.
Frite as tiras de pimenta em óleo quente até tostar. Escorra em papel absorvente.
Faça dois cortes em cruz no fundo dos tomates e asse-os no forno bem quente até ficarem macios e escuros.
Espere esfriar e remova a pele (puxando pelo corte feito anteriormente).
No mesmo óleo da pimenta, acrescente os dentes de alho inteiros e a cebola picada. Cozinhe até dourar, cerca de cinco minutos.
Retire a cebola e o alho da panela e bata tudo no liquidificador com os tomates.
Na mesma panela que fritou a pimenta, a cebola e o alho, adicione a pasta batida no liquidificador e cozinhe em fogo alto até encorpar, mexendo sempre para não queimar.
Adicione o caldo e cozinhe em fogo lento por 30 minutos. Tempere o caldo e reserve.
Na hora de servir, coloque em tigelas o abacate e o queijo em cubos, cubra com uma concha do caldo e adicione um pouco da pimenta e uma boa quantidade da tortilla em tirinhas ou Doritos. Sirva com limão em gomos ou mergulhe no caldo uma fatia bem fina do limão.

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