quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Crianças na cozinha

Os meses de dezembro e janeiro são os melhores para os estudantes. São as férias escolares.
Como era bom sair de férias da escola. Foi nas férias de 1994 que eu preparei o meu primeiro prato. Eu tinha 12 anos.
Eu sempre gostei de comer. Desde pequeno eu assistia a programas de culinária na televisão e anotava as minhas receitas preferidas. Depois entregava pra minha mãe e pedia pra ela preparar.
Diferente do meu irmão, que quando pequeno era muito chato pra comer, eu gostava de tudo e comia de tudo. O meu irmão foi um caso a parte quando criança. Não gostava de nada e nunca terminava o prato de comida. Era daqueles que falava que não gostava de certa coisa sem nunca ter experimentado. Nessas horas meus pais me tinham em boa conta. Enquanto ele ficava enrolando para terminar de almoçar, eu terminava o meu prato, levantava da cadeira e ficava todo pose esperando os meus pais me elogiarem. Aí eles batiam palmas para mim e eu imitava o Silvio Santos, com os braços abertos, dando passinhos para trás e dançando para os lados!
Voltando às férias, foi numa manhã preguiçosa e quente que eu resolvi colocar a mão na massa.
Eu tinha uma mania muito chata de perguntar pra minha mãe o que iríamos comer no almoço. E enquanto almoçava, perguntava o que iríamos comer na janta. Ela reclamava, mas eu falava que precisava saber porque tinha que me preparar. Se a janta fosse especial, eu iria comer menos a tarde pra conseguir jantar mais!
Então, como era de praxe, fui até a minha mãe e perguntei o que iríamos comer no almoço.
-Ah Fábio, não sei. Acho que macarrão, mas não decidi com qual molho ainda.
Então eu abri a geladeira procurando alguma coisa para o molho e sugeri que ela usasse linguiça e tomates. Aceitando a sugestão, ela inocentemente perguntou se eu queria preparar o almoço junto com ela. Pensando melhor, acho que minha mãe percebeu que eu tinha interesse por comida e achou que seria bom eu aprender a cozinhar alguma coisa. Como eu era muito arteiro, pelo menos umas duas horas por dia eu não iria fazer bagunça pela casa ou atormentar os meus irmãos.
É lógico que eu só fiz as tarefas mais simples, como cortar a lingüiça aferventada, bater a cebola e o alho no liquidificador, mexer o molho e salpicar o tomilho. Além da tarefa da qual achei a mais importante, a de experimentar o macarrão para saber se estava cozido. Eu que decidi e todos iríamos comer no ponto que eu julguei correto. Achei o máximo fazer isso!
A receita de hoje é a mesma que eu ajudei a preparar a 14 anos atrás. Não dispense o tomilho, ele torna essa receita aparentemente ordinária em algo realmente saboroso e diferente. No máximo, troque por manjericão fresco.

Receita do Dia:
Spaguetti com lingüiça toscana e tomilho
Ingredientes:
1 pacote de spaguetti de boa qualidade
8 tomates maduros
500g de lingüiça toscana
1 cebola
2 dentes de alho
8 colheres de azeite

Coloque as lingüiças em uma panela com água fria, leve ao fogo e espere ferver. Conte dois minutos e retire as lingüiças. Quando esfriar, corte em rodelas e reserve. Isso faz com que ela fique mais firme e não despedace no molho.
Bata a cebola, o alho e o azeite no liquidificador até conseguir um purê. A minha mãe fazia isso porque o meu irmão não gostava de encontrar cebola na comida. Pode?!
Esquente uma panela funda e adicione o purê. Refogue por alguns instantes e adicione os tomates cortados ao meio e sem sementes. Reduza o fogo e deixe o molho apurar por uma hora.
Enquanto isso, esquente um fio de azeite numa frigideira e doure as rodelas de lingüiça.
Quando o molho engrossar, junte a lingüiça e prove o sal. Cozinhe o macarrão conforme a embalagem, escorra e incorpore o molho imediatamente. Salpique com tomilho fresco e sirva imediatamente.

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