quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O luxo da escolha


Ontem eu assisti um documentário sobre a carne. O filme, produzido por vegetarianos e veganos, prega o não consumo de carne como solução para todos os problemas mundiais, da fome à desigualdade social. Um absurdo.
Não tenho nada contra vegetarianos e veganos. Tenho amigos assim, que não comem carne ou nenhum de seus derivados. A diferença é que meus amigos não são ativistas contra o consumo de carne.
Depois que assisti o filme fiquei curioso sobre as idéias dos vegetarianos ativistas (vou chamá-los assim para diferenciar dos vegetarianos normais) e entrei nos principais sites de vegetarianismo do Brasil. Li matérias como “A Amazônia está virando bife”, “Você já comeu a Amazônia hoje?”, “O assassinato nas fazendas” e outros mais.
Está certo que a produção em massa de carne hoje não é o ideal. O uso de anabolizantes, antibióticos e o maltrato dos animais poderia ser combatido, mas culpar o consumo de carne pela fome, aquecimento global, desmatamento, câncer, escassez de água e desigualdade social é a coisa mais burra que eu já ouvi na minha vida. Desculpem-me pela revolta, mas matar boi ou galinha não é assassinato!
Assassinato é o que acontece todos os dias na África, onde as pessoas morrem porque não tem nada para comer. Enquanto vocês, vegetarianos, tem o luxo de fazer a opção de não comer carne, tem gente comendo gente do outro lado do oceano para sobreviver.
Um dia eu estava andando no calçadão de Mogi e vi um mendigo faminto pegando um peixe inteiro de uma sacola e mordendo-o cru, arrancando a carne com os dentes, desesperado de fome. EU vi. Não vi na televisão ou ouvi falar. EU juro que vi em plena Mogi das Cruzes uma pessoa fazer isso. Pergunte para ele se ele tem a opção luxuosa de ser vegetariano?
Sobre a Amazônia, dizem os ativistas que a pecuária está acabando com a nossa floresta. Em pesquisa realizada pela ONG Greenpeace, a soja foi considerada a principal causa do desmatamento da nossa floresta.
Ela mesma, a soja que os vegetarianos tanto gostam, e que a consomem em flocos ou monstruosidades esponjosas produzidas por extrusão termoplástica.
Uma outra curiosidade sobre a soja. Vocês sabiam que o grão de soja cru possui fatores nutribloqueadores? Em suma, isso quer dizer que ela impede a absorção de nutrientes.
-Mas ninguém come soja crua! Você vai me dizer. Eu sei que não, mas pensando na natureza, pense por que a planta da soja desenvolveu essas substâncias nocivas à saúde (não só a soja, o espinafre, beterraba, acelga, repolho-roxo, couve de Bruxelas, nabo, ervilha, grão de bico, broto de feijão e de bambu, entre vários outros vegetais).
Pense nos animais. A tartaruga é lenta, por isso ela tem um casco duro e impenetrável onde pode se esconder dos predadores. A lula se defende com sua tinta, o porco espinho com seus espinhos, o gambá com seu cheiro e por aí vai. Assim como os animais tem instrumentos de defesa contra os seus predadores naturais, as plantas têm os seus. Já que elas não podem correr nem atacar, utilizam-se de armas químicas capazes de prejudicar a saúde de quem a consome. Isso quer dizer que as plantas também tentam se defender de seus predadores. As plantas também tem vida e lutam por ela. Assim, como pode alguém sem coração mastigar uma inocente plantinha que fez de tudo para não ser comida! Isso é o que eu chamo de hipocrisia...
Por fim, reitero minha opinião, não tenho nada contra vegetarianos, desde que não encham o saco de quem come carne.
Aproveitando a pequena queda de preço da carne, sugiro um cozido especial para ilustrar este artigo.

Receita do Dia

Cozido de Carne Especial

-1Kg de acém ou paleta, em cubos
-1 alho poro
-3 dentes de alho
-3 cebolas
-1 repolho pequeno
-1 garrafa de vinho tinto
-6 a 8 damascos secos
-300g de mandioquinha
-400g de batata lavada
-sal e pimenta
Numa panela grande, doure os cubos de carne até conseguir uma coloração escura. Se os cubos ficarem cinza o molho da carne não ficará bom.
Adicione os dentes de alho fatiados, o alho poro em pedaços da largura de três dedos, as cebolas cortadas ao meio, os damascos e a mandioquinha cortada em cubinhos.
Adicione o vinho tinto e água o suficiente para cobrir os ingredientes. Tempere com sal e pimenta e cozinhe destampado em fogo lento por uma hora. Não coloque muito sal, pois ao final do cozimento o molho vai reduzir e concentrar o sal.
Após este tempo, adicione a batata cortada em rodelas grossas e o repolho inteiro. Se precisar, adicione mais água na panela.
Quando a batata estiver macia, retire com uma escumadeira todos os ingredientes e mantenha aquecido. Só a mandioquinha deverá continuar na panela para dissolver por completo e engrossar naturalmente o caldo. Reduza o caldo até a metade, prove o sal e despeje o molho sobre os outros ingredientes. Sirva com um pão italiano ou arroz branco.

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