terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Respondendo comentários

Caro Fernando,

A carne ficará pré-assada sim. Na verdade ela até poderia continuar na grelha até ficar no ponto de comer, mas o fogo deveria ser mais fraco e, ainda sim seria difícil chegar ao ponto da carne desmanchar.
Lembre-se de que isso pode ser feito com frango (fica muito bom), carne de porco e até legumes.

Da próxima vez poste com um email para eu te responder pessoalmente, ok?

m abraço

Fábio

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Lanchinho café com leite


Minha esposa adora tomar lanche. Ela só janta porque eu janto, mas se contentaria com um lanche.
Estou tentando convencê-la de que jantar é melhor e mais saudável.
Eu não acho certo substituir o almoço ou o jantar por um lanche. Como o próprio nome diz, lanche é um lanche e não uma janta!
Segundo os dicionários Houaiss e Michaelis, lanche é uma ligeira refeição entre o almoço e o jantar.
Então, tomar lanche de manhã significa tomar café da manhã e lanche após o jantar é ceia. Comer alguma coisa entre o almoço e o jantar é tomar um lanche,
Já provei que não existe lanche na hora do jantar! Mas mesmo assim não vou conseguir convencê-la com definições.
Lanche, para ela e para a maioria das pessoas é pão com manteiga e café com leite. Não me levem a mau, eu também gosto disso, só não acho correto substituir uma refeição completa.
Costumo brincar que ela come pão com gordura e um líquido com gordura, cafeína e açúcar.
Claro que eu sei que o leite é mais do que um líquido gorduroso, mas tudo o que eu escrevi acima é verdade, não é?
Na minha opinião, saudável seria uma refeição rica em carboidratos, proteínas, fibras, vitaminas, minerais e etc.
Não que minha esposa precise emagrecer! De jeito nenhum! Imagina eu escrever pra Mogi inteiro que minha esposa precisa perder peso? Ela acabaria comigo!
O que eu quero mostrar é que dá pra ser mais saudável comendo coisas melhores.
Mesmo NÃO querendo entrar no tema dieta, é impossível não perceber que o café com pão vai de encontro com quem quer fazer dieta.
Pior ainda é querer tomar um lanchinho light e meia hora depois ir beliscar qualquer coisa na geladeira.
Beliscar, isso sim é ruim. Você não vai beliscar um tomate ou uma salada de grãos, vai comer um pedaço de queijo, chocolate, azeitona, salgadinho, bolacha, enfim, tudo o que é fácil de comer e que engorda.
Natália, isso não foi pra você viu? Juro por Deus!
Os adeptos do lanche devem estar perguntando: “Nossa! Então você quer dizer que devemos comer arroz e feijão à noite?”
Sim, e daí? Só não precisa encher o prato de comida! Se achar necessário, coma pouco, mas coma bem. Um prato com arroz ou batata, grãos, uma carne magra e salada pode chegar ao mesmo peso de um café com pão se pesarmos o leite.
E os outros lanches? Aí sim. Faço lanches que substituem uma refeição inteira sem problemas. O pão é um carboidrato assim como o arroz, se você rechear seu pão com legumes, vegetais e uma carne sua refeição ficou completa!
“Ah, mas o café com pão é mais prático!” Se você chega ao ponto de comer isso por praticidade não leia minha coluna...


Receita de hoje

O lanche mais completo
Ingredientes
1 pão italiano redondo
1 lata de tomate pelado
Carne assada de ontem
Alface
Cebola
Cenoura
Ricota
azeite extra virgem
1 dente de alho

Toste levemente as fatias de pão italiano, deixando macio por dentro, mas crocante por fora.
Passe o dente de alho no pão para dar sabor.
Fatie a cebola, salpique sal e após cinco minutos esprema para extrair o líquido. Pique o alface e rale a cenoura.
Adicione a ricota esmagada sobre a fatia de pão. Adicione um tomate pelado cortado por cima. O líquido do tomate vai umedecer a ricota, que beleza!
Sobre o tomate a cebola e a cenoura, depois a carne e por último o alface. Adicione um fio de azeite, sal e feche o sanduíche.
Ah, pode comer depois de fechá-lo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Geléias


A época das frutas vermelhas está acabando. Nada de morangos de verdade, framboesas ou amoras.
Digo morangos de verdade porque atualmente há morangos para vender durante o ano todo, mas os fora de época são horríveis. Não tem nada a ver com aqueles morangos macios e suculentos que a gente espera.
Na casa do meu pai tem uma amoreira. Minha tia deu a muda e eu plantei. Esperei muito tempo até que ela começasse a dar bons frutos. Este ano deu tanta amora que nem conseguimos colher tudo. O chão e minhas cadelas ficaram até tingidas de roxo, de tantas frutas que caíram.
Fiz suco, torta, sorvete e comi amoras como nunca. Mesmo assim sobraram muitas, e achei uma pena desperdiçar aquelas amoras grandes, gordas e suculentas.
A única coisa que me restou foi fazer geléia.
A geléia é um método de preservação. O açúcar preserva as frutas assim como o sal preserva a carne seca.
Antigamente, quando as frutas tinham épocas certas, as pessoas preparavam geléias para poder se deliciar com as frutas algum tempo depois da temporada.
Assim, cozinhavam as frutas em açúcar e as mantinham por uns bons meses.
Podemos dizer que existem dois tipos de geléia, uma que dura por anos e outra que dura por meses.
Eu aconselho a nós, não-profissionais da indústria de alimentos, a se focar somente nas geléias que duram menos. Para preparar geléias que duram anos, deve-se utilizar alguns conservantes, uma enorme quantidade de açúcar, vidros e utensílios esterilizados.
Cá pra nós, a geléia artesanal é muito melhor, já que não vai tanto açúcar como na outra, sendo possível assim sentir mais o gosto da fruta.
Com certeza você já comeu uma geléia que era tão doce que nem dava pra identificar de qual sabor era.
O preparo de uma geléia é simples, porém, se for preparada de maneira errada, você vai acabar com uma papa de frutas em vez de geléia.
Para cada quilo de fruta, adicione 150g de açúcar e um copo de água. Adicione uma colher de suco de limão e cozinhe em fogo baixo, até chegar à consistência desejada. Coloque num pote de vidro, tampe e mantenha na geladeira por um mês.
Muita gente erra quando cozinha a fruta em água e só depois adiciona o açúcar. A osmose vai pro lado errado, as células da fruta arrebentam e quando você ver o resultado final vai ter certeza que alguém vomitou na sua geléia quando você se distraiu.
Há uma outra maneira de preservar as frutas, na verdade a minha preferida.
Faça uma calda com 250g de açúcar e 400g de água. Depois que ferver, adicione as frutas, morangos por exemplo, e deixe cozinhar até amolecer a fruta, mas sem deixar desmanchar.
A calda “puxa” o líquido dos morangos ficando bonita e saborosa, enquanto que o morango encolhe pela perda da água, intensificando o seu sabor natural.
Geléias e frutas em calda são ótimos acompanhamentos para sorvetes, doces cremosos e até outras frutas frescas.
Experimente misturar a geléia que você fez no iogurte natural. Aí você vai entender o que é um iogurte com sabor de frutas.
Para uma sobremesa especial, que tal uma torta de frutas frescas e geléia?

Receita de hoje

Torta de maçã com geléia de amora

Ingredientes
-um rolo de massa folhada
-2 xícaras de geléia de amora ou morango
-4 maçãs gala descascadas
-4 colheres de açúcar
-2colher de manteiga sem açúcar

Unte uma forma de torta com manteiga, arrume a massa e adicione as maçãs cortadas em 4. Distribua a manteiga por cima das maçãs, despeje a geléia e feche a torta com mais massa folhada.
Risque a massa que cobre a torta para não crescer muito e salpique com açúcar.
Leve ao forno a 180 graus por 40 minutos, ou até dourar.


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Viva o lixeiro


Finalmente voltei a atualizar o blog. Confira lá os artigos anteriores e aproveitem pra me criticar anonimamente!
Acabou a época de camarão. Finito. Fresco agora só no ano que vem.
Quem quiser comer à partir de hoje só vai achar congelado.
Camarão deve ser um negócio que muita gente gosta. Existe uma rede de restaurantes fast food que só serve camarão! Não é por menos, ele vai bem com tudo: arroz, macarrão, na moranga, frito, empanado, assado e até cru. Confesso que comi camarão cru uma só vez, mas era tão fresco que não tive medo.
Quando eu era criança ganhei uma máscara de mergulho que eu usava em São Sebastião.
Um dia estava nadando, olhando o fundo do mar, quando de repente eu vi um camarão. Fiquei tão assustado com a feiúra do bicho que me afastei de medo. É um crustáceo muito feio, mas muito gostoso.
Dizem que ele é o lixeiro do mar, já que comem restos de animais e limpam o seu ambiente. Deve ser por isso que ele é tão saboroso.
O camarão já foi um ingrediente caro, mas hoje o preço é acessível a todos.
Preste muita atenção na hora de comprar o seu camarão. Prefira os com cabeça e sita o cheiro. Coisa que fede normalmente não é boa.
Agora que não pode mais vender camarão fresco, compre congelado e descongele você mesmo na geladeira ou compre de uma peixaria de muita confiança.
Quando ele ainda era caro, começou a surgir nos restaurantes o classudo Coquetel de Camarão, uma entrada fria que era o must nos anos 70.
Quem tem mais de 30 anos (eu não!) já comeu alguma vez o tal do coquetel de camarão. A receita parece simples, mas como tudo na cozinha, alguns detalhes fazem a diferença.

Receita de hoje
Coquetel de camarão

Todo mundo acha que sabe preparar essa receita, mas me dê uma chance e leia as minhas dicas.

Ingredientes (4 pessoas)
24 camarões grandes
6 colheres de sopa de maionese
4 colheres de sopa de extrato de tomate
2 colheres de sopa de molho inglês
2 colheres de sopa de brandy
Páprica doce
Sal
Pimenta do reino
Açúcar

Recorte o lombo dos camarões sem cabeça para limpá-lo, mantendo a casca.
Misture 2 colheres de sopa de sal, 2 de açúcar e 2 xícaras de água e misture bem até dissolver.
Coloque os camarões limpos nesta solução por 25 minutos na geladeira. Isso vai deixar o camarão crocante e mais saboroso.
Enquanto isso, forre uma assadeira com papel alumínio e leve ao forno bem quente.
Ainda dá tempo de preparar o molho: junte a maionese, o extrato de tomate, o molho inglês, o brandy, uma pitada de açúcar e tempere com sal e pimenta do reino. Deixe na geladeira até a hora de servir.
Escorra os camarões, lave-os em água fria e seque em papel toalha.
Coloque-os numa vasilha e derrame algumas gotas de óleo para untá-los por igual. Tempere apenas com páprica e leve-os ao forno, espalhados na travessa já quente, por 5 minutos.
Vire os camarões e deixe por mais 4 minutos. Assar os camarões intensifica o seu sabor, ao contrário de cozinhá-los, método em que se perde muito sabor para a água.
Retire do forno, leve para gelar rapidamente no freezer por 5 minutos e sirva em taças com o molho.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Comida e cerveja


Como postei um artigo sobre vinho, algumas pessoas comentaram que gostariam de ler sobre cerveja. Eu já tinha um artigo sobre cerveja, então aí vai...


Tenho uma dificuldade em escrever títulos. Esse de hoje dá a entender qual comida que vai bem com cerveja, mas na verdade não é. Primeiro porque, pra mim, nenhuma comida merece isso. Segundo porque o artigo de hoje tem a ver em como utilizar a cerveja na comida. Aí sim pode criar combinações incríveis.
Eu não bebo cerveja.
'Como não?' Muitos me perguntam já tirando um sarro. Eu já me acostumei com isso. Pra muitos, beber cerveja é coisa de macho, ou de brasileiro, ou simplesmente porque todo mundo bebe, a resposta mais burra e triste que eu já recebi quando pergunto isso a alguém. E eu, que não bebo, sou o estranho. Sou estranho mesmo, só que jamais vou ficar segurando uma latinha para parecer igual aos outros.
Não bebo porque não gosto e porque não preciso de álcool para relaxar ou ficar alegrinho. Claro que respeito quem bebe, só que não me encha o saco, por favor!
Mesmo não gostando, acho uma bebida incrível. O proccesso de fermentação, a escolha dos ingredientes e as significativas alterações no produto final, a linda coloração dourada e as minúsculas bolhas que formam a espuma realmente me fascinam.
Criada a mais de 4000 anos antes de Cristo, essa bebida faz parte da história de muitos países. Na Alemanha, em 1516 foi criada uma regra de preparação que acredita-se ser a primeira a tratar de alimentos.
Diz a norma que os únicos ingredientes permitidos na fabricação da cerveja são: água, lúpulo e cevada-malte.
'Ué, mas não é assim que se faz cerveja?' Teoricamente sim.
Analisando o rótulo de uma cerveja popular encontrei: água, malte de cevada, lúpulo. Até aí tudo bem. Mas também continha: cereais não malteados, carboidratos, antioxidante (INS 316) e estabilizante (INS 405).
Os carboidratos não são especificados e os INS 316 e INS 405 tem um nome tão assustador e misterioso que pode matar um alemão de desgosto.
Os cereais não malteados utlizados pelas indústrias são arroz e milho, grãos muito mais baratos que a cevada e que, na verdade, fazem a cerveja render mais. Em contrapartida, a sua cerveja tem menos sabor. Mas quem liga pra isso? Os grandes fabricantes de cerveja porcaria induzem todos a beber a cerveja geladíssima, estupidamente gelada, abaixo do zero e blábláblá. Sabe o porquê?
Porque alimentos gelados anestesiam os sensores gustativos, ou seja, tudo muito gelado tem menos gosto do que numa temperatura superior.
A temperatura ideal para beber cerveja é 6ºC. Ah, você acha que a cerveja tem um gosto ruim quando servida “quente”? É porque esse é o real gosto da sua bebida.
Quando tinha o restaurante, coloquei três cervejas de qualidade no menu. Para cada 50 cervejas porcarias eu vendia 1 cerveja de qualidade. E tinha ainda que ter uns exemplares no freezer, além das que ficavam na geladeira, porque sempre tinha um idiota que pedia a cerveja de qualidade “trincando”.

Isso me lembra uma moça que colocou adoçante no vinho tinto. 'Ai, esse vinho está seco demais!' Juro que é verdade.
Ainda bem que existem pequenas empresas que fazem cervejas de qualidade. São um pouco mais caras, mas pra cozinhar são incomparáveis e para beber eu não sei, mas pelo menos os cervejeiros colocam uma boa dose de carinho nos seus produtos. Aqui em Mogi é fácil achar cervejas nacionais de qualidade da marca Baden Baden e Eisenbahn, além de algumas importadas. Na dúvida, leia os ingredientes.
Na comida, grande parte do álcool vai embora com o cozimento e o que fica é o sabor profundo e intenso do malte respaldado por um agora sutil amargor proveniente do lúpulo.
Experimente trocar a água da receita do seu pão por cerveja e você entenderá o que eu quero dizer.
Mais fácil ainda, frite cebolas em rodelas em manteiga até amolecerem e ficarem escuras. Salpique um pouco de farinha de trigo, mexa um pouco e adicione uma boa cerveja preta. Tempere e você terá o melhor molho para acompanhar salsichas ou linguiças frescas.

Receita de hoje
Sopa de cerveja pilsen

Ingredientes
1 garrafinha de creme de leite fresco
500g de cebola em cubinhos
400g de cenoura em cubinhos
100g de alho poró em fatias
2 colheres de manteiga
ervas frescas de sua preferência
350mL de cerveja pilsen de qualidade
150g de parmesão ralado na hora (não daqueles saquinhos com gosto de vômito)
150g de provolone (bem molinho) ralado
pimenta do reino branca

Esquente a manteiga numa panela e refogue os legumes até murchar. Adicione 1 litro de água, as ervas e ferva lentamente por 30 minutos.
Coe o caldo e volte o líquido para a panela. Reduza pela metade, adicione o creme de leite e ferva por uns dois minutos.
Retire a panela do fogo e adicione os queijos.
Bata no liquidificador, volte a sopa para a panela e adicione a cerveja, Tempere com pimenta do reino branca e sal, se necessário.
Esquente sem deixar ferver e sirva com torradas e para beber....cerveja né!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Índia que vivi



Hoje vou relatar a experiência que tive ao viver com indianos.
Nunca vi um capítulo da novela das oito que acabou de acabar, mas sei que por causa dela a Índia está na moda.
Também por influência da novela vários livros sobre os indianos surgiram no mercado, e na semana passada acabei de ler um livro sobre a cultura, comida e tradições do segundo país mais populoso do mundo.
Só depois de ler entendi por que os indianos nos tratavam de forma diferente na escola em que estudei na Suíça. Não todos, mas a grande maioria dos indianos hindus considerava nós, os ocidentais, o lixo do mundo.
Havia em torno de 20 indianos estudantes de hotelaria na escola, entre 150 de outras 43 nacionalidades. Assim, eles eram um grupo forte e impenetrável na nossa pequena Torre de Babel.
Para os hindus existem regras de preparo nas refeições. Um estrangeiro comedor de carne de porco e vaca não podia tocar na comida e, como eles achavam a comida da escola impura, cozinhavam nos seus quartos todos os dias.
Eu morava no terceiro andar e um indiano morava logo abaixo de mim. Todo dia ele cozinhava e o aroma de sua comida subia com intensidade.
Os condimentos fortes misturados com cheiro de fritura faziam a gente morrer de vontade de comer aquela comida, mas isso nunca aconteceu é claro.
Havia também no curso uma indiana muçulmana, mais flexível que os demais, mas mesmo assim muito invocada. Era a única que estudava gastronomia.
Um dia, no ramadã, ela estava exausta após uma aula e resolveu que aquele dia ela iria quebrar o jejum e comer carne.
Um silêncio incômodo pairou sobre o ambiente enquanto ela, decidida, resolveu chutar o pau da barraca de vez.
Acreditávamos que o ramadã era cumprido á risca por todos, mas depois caímos na real e percebemos que os muçulmanos são pessoas normais, como nós, diferentes dos radicais que sempre vemos na televisão.
Havíamos cozinhado aquele dia vitela, porco e cordeiro. Os pratos estavam na mesa e ela perguntou qual deles era composto por vitela. O estudante que preparou vitela aquele dia apontou os pratos e disse ainda que estava muito orgulhoso de seus pratos.
Ela escolheu um filé alto ao molho de chocolate e se acabou de comer. Vi que estava um pouco mal passada, mas não falei nada, achei que ela gostasse assim.
Alguns instantes depois o Chef apareceu com as críticas dos pratos realizados naquele dia. A primeira coisa que ele disse é que todas as carnes estavam fora do ponto: a vitela e o cordeiro passado demais e a carne de porco mal passada.
A menina esbugalhou os olhos na hora e o estudante que indicou os pratos de vitela ficou desesperado! A garota havia quebrado o ramadã e comido carne de porco mal passada, alimento que ela não come nem fora do jejum!
Uma pequena briga foi logo apartada pelo pedido de desculpas do estudante que se enganou e tudo voltou ao normal.
Mais tarde, chamei a menina de lado e perguntei se ter comido carne de porco havia valido a pena. Em segredo ela me confessou que sim, que estava delicioso, mas que não podia dizer isso para ninguém.
Alguns indianos, ao final do curso, acabaram se “ocidentalizando” e se tornaram mais acessíveis. Se vestiam como nós, respeitavam nossas culturas e comiam de tudo. Diziam que nunca mais voltariam à Índia, país de que tinham muito orgulho antes de provarem a vida ocidental.
Respeito todos eles, primeiro porque não se pode classificar a tradição e cultura de um povo como certo ou errada e segundo porque adoro comida indiana...

Receita de hoje
Ingredientes
1 xícara de lentilha
2 batatas médias
1 colher pequena de curry
Pimenta-do-reino
Sal
Manteiga
Cozinhe a lentilha e as batatas em água até começarem a desmanchar.
A consistência deve ser de um ensopado bem mole. Adicione mais água se for preciso.
Numa frigideira, frite o curry e a pimenta do reino na manteiga (sinta só o aroma!) e despeje no ensopado. Tempere com sal e sirva com pão.

Vinhos



Não bebo álcool, mas experimento todo vinho que posso.
Além de fazer parte da minha profissão, gosto de desenvolver meu paladar e saber utilizar determinado vinho para harmonizar com um prato meu.
Dentre as bebidas alcoólicas, o vinho é a que mais está diretamente ligada à comida.
Muita gente bebe cerveja ou whisky sem comer nada, mas o vinho sempre pede um acompanhamento, mesmo que apenas um pedaço de queijo.
Acho que a vontade que as pessoas têm de comer alguma coisa quando bebem vinho se dá pela variação de sabor que ele sofre conforme a comida que se põe na boca. É uma bebida que se transforma, que muda conforme o que se ingere junto, conforme a temperatura, taça, a exposição ao oxigênio e por aí vai.
Além disso, a variedade encontrada no mercado é quase infinita e assim sempre vai haver uma busca, até inconsciente, do vinho ideal. É um comportamento natural do ser humano.
Tive esta experiência com o café expresso. Há inúmeras variedades e métodos de extração do líquido. Ganhei do meu irmão a máquina que hoje é considerada a melhor do mundo. Depois de algum tempo achei o meu café ideal e hoje tenho o melhor café do mundo (meu mundo) em casa, quando quiser.
Sabe que isso meio que me desanimou! Acabou a minha busca porque sei que o café que tomarei em qualquer lugar do mundo não será melhor que aquele que eu tenho em casa!
Atualmente há uma grande discussão sobre harmonização do vinho com a comida.
É difícil errar ao combinar apenas um ingrediente com um vinho, mas uma tendência atual na gastronomia pede o contraste de sabores, então uma refeição pode ter um filé mignon, uma espuma de manga verde e um bolinho de massa de arroz cozido em shoyu e molho de ostra. Acredite em mim, esse prato pode ser uma delícia, mas qual vinho irá acompanhar tamanha variedade de sabores?
Além do mais, nos grandes restaurantes há menus de 4, 5 e até 8 pratos. Como harmonizar uma refeição inteira dessa com o vinho?
Claro que isso até pode ser feito, mas ao oitavo prato o cliente talvez estará dançando encima da mesa e com certeza não estará notando as características particulares de determinado vinho com determinado prato.
Assim, toda essa complexidade que se cria em torno do vinho pode ser exagerada. Deixe a discussão sobre a harmonização para os experts e aproveite um bom vinho sem se preocupar muito com suas características e aromas de folhas do outono no chão frio da floresta, ui!

Receita de hoje

Perna de cordeiro assada ao alecrim

O clima frio combina muito bem com esse prato forte e substancioso. Para acompanhar, um vinho de inverno, ou seja, um vinho encorpado, que fará você ter mais vontade de comer, depois mais vontade de beber, comer, beber, comer e beber até acabar o vinho!
Ingredientes

-1 pernil de cordeiro
-1 maço de alecrim
-1 cabeça de alho
-azeite
-sal
-pimenta do reino preta

Fure o pernil em vários lugares e insira bastante alho, alecrim e pimenta do reino.
Esquente uma panela larga que caiba o pernil e besunte a carne com azeite.
Quando a panela estiver bem quente doure o pernil por inteiro, virando algumas vezes.
Tempere com sal e leve ao forno pré-aquecido a 220°C por uma hora.
Ele vai estar mal passado por dentro, mas é assim que ele fica melhor. Se quiser mais passado, deixe mais tempo mas abaixe a temperatura.
Sirva com batatas assadas.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Arroz e feijão


Arroz e feijão


Quando perguntei pra um amigo americano o que seu povo comia todo dia, ele não entendeu a pergunta. Quando eu disse que nós brasileiros comemos arroz com feijão todo dia ele achou, no mínimo, estranho. Comer a mesma coisa todos os dias é um fato inconcebível para a maioria das culturas, mas absolutamente normal e corriqueiro para nós.
Antigamente, no Japão comia-se arroz todo dia. Tanto que a minha avó sempre se referia ao almoço ou jantar como “gohan”, arroz em japonês. Ela dizia: “Rabinho! Comê gohaaaaan!”
Atualmente tanto os japoneses quanto os chineses não comem arroz todos os dias como antigamente. Macarrão e muito fast food agora fazem parte do menu dos orientais.
Aqui comemos arroz, feijão e uma “mistura”. O principal da nossa refeição é o arroz e o feijão. Já na maioria dos outros países, o que nós chamamos de “mistura” é o ingrediente principal do prato de comida (normalmente uma carne), e os acompanhamentos são os responsáveis pela substância do prato. Assim, fora do Brasil é usual comer um bife, alguns legumes e purê de batatas ou um cozido de carne, cebolas e cenouras acompanhado somente de pão. Isso sim é, para os brasileiros, no mínimo, estranho!
O arroz foi trazido pra cá pelos portugueses, que foi apresentado aos mesmos pelos orientais. O feijão sempre foi cultivado pelos nossos índios.
O costume de comer arroz com feijão não era dos nativos nem dos visitantes, eram dos que não queriam estar aqui: os escravos. Foram eles que juntaram as duas culturas e as transformaram numa só.
Curiosamente, algumas culturas também comem arroz com feijão. Existe um prato tradicional em New Orleans praticamente idêntico ao nosso. A culinária dessa região dos Estados Unidos é influenciada por iguarias regionais do continente africano. Só não é porque o feijão utilizado é o vermelho e os temperos são um pouco diferentes.
Já no Japão a combinação é doce. Existe um bolinho que é feito com purê doce de feijão azuki e coberto com arroz cozido e amassado. É como um croquete frio com a massa feita de arroz e recheio de feijão. Esse doce pode ser encontrado facilmente nas lojas de produtos especializados aqui de Mogi das Cruzes. Vale a pena experimentar pra variar.
É incrível pensar que o “dueto brasileiro” é consumido pela grande maioria da nossa população durante a maioria dos dias da semana. Tem gente que não gosta de verdura, uns loucos que não gostam de carne, gente que não gosta de pão, mas nunca ouvi falar de alguém que não gostasse de arroz e feijão. Isso acontece porque a combinação é perfeita. Só pode ser!
O arroz deve ser soltinho e ter uma certa resistência à mordida. Já o feijão deve ser cremoso, seu caldo grosso e bem temperado. Preparados desta maneira, comer os dois, com o feijão ao lado do arroz, por cima ou por baixo, é uma beleza.
Receita de hoje
Sopa de feijões com arroz selvagem crocante
Acho essa minha criação interessante por conseguir servir feijão e arroz numa forma bonita, atraente e gostosa.
Ingredientes
-1 xícara de feijão branco
-1 xícara de feijão carioquinha ou preto
-2 colheres de manteiga
-1/2 cebola picada
-1 dente de alho
-folhas de louro
-noz moscada
-um pedaço de pele de bacon
-sal
-pimenta do reino branca e preta
-1/2 xícara de arroz selvagem
-2 colheres de azeite
Cozinhe o feijão branco em bastante água e folhas de louro. Em separado, cozinhe o feijão carioquinha com o alho e a pele do bacon.
Retire as folhas de louro do feijão branco e faça um purê liso. Tempere com sal, noz moscada e pimenta do reino branca.
Faça um purê também com o feijão carioquinha. Bata tudo sem a pele do bacon e tempere com sal e pimenta do reino preta.
Esquente o azeite na frigideira e adicione o arroz selvagem cru e bem seco. Não adicione muito arroz, só o suficiente para cobrir todo o fundo da panela. Vá mexendo enquanto ele estoura feito pipoca. Cuidado para não queimar. Retire com uma escumadeira e escorra em papel toalha.
Numa cumbuca ou prato para sopas, adicione os dois purês simultaneamente para que cada purê ocupe um lado da cumbuca sem se misturar. Coloque um montinho de arroz selvagem crocante por cima, salpique o arroz com sal e sirva.

Voltei!!!

Desculpe por todo esse tempo sem atualização!!! Voltei e vou atualizar o blog.