quinta-feira, 24 de abril de 2008

Feijoada



Dizem que a culinária e a língua formam a identidade cultural de um povo.
A nossa língua já foi pro saco faz tempo. Falar corretamente está fora de moda. Agora “as coisa é assim, mano”!
Ao contrário do idioma, a culinária, graças ao bom Deus, continua sendo uma das coisas mais importantes das nossas vidas.
Dentre os pratos tradicionais, a feijoada é o tema de hoje.
A comida mais tradicional do Brasil. A comida brasileira mais famosa fora do nosso país. A comida dos pobres e ricos. A comida preferida da minha família. A única comida que aparece em dois dias por semana nos restaurantes. A minha comida preferida.
Diz uma história que os escravos inventaram a feijoada utilizando as partes do porco que seus patrões portugueses desprezavam.
Na realidade, pés, orelhas e focinho nunca foram restos para os europeus. Além disso, os portugueses sempre dominaram as técnicas de conservar carnes em sal. Assim, foram os próprios portugueses que lentamente foram introduzindo a feijoada no Brasil, ao adicionar o feijão preto, cultivado pelos índios, ao cozido português, um prato de carnes com caldo.
Nos restaurantes, a feijoada varia bastante de preço. A mais famosa, do Bolinha, custa mais de R$ 50,00. Porém, a feijoada mais gostosa que provei custava R$ 6,50. Nunca comi uma feijoada tão boa quanto a do Beto, um cozinheiro que trabalha na rua 7 de abril, em São Paulo num boteco pequeno e simples. Eu trabalhava por lá e 4ª feira ia todo contente comer a feijoada. Jamais descobri o segredo daquela feijoada, mas lembro que era cheia de pedaços de orelha, pé e língua de porco.
Também lembro da pior que já comi. Não tinha muitas carnes, o caldo era ralo e sem sabor, mas minha pior lembrança era o paio, que tinha uma textura de salsicha sebosa. Era tão ruim que chegava a ser engraçada a tal feijoada!
Sorte nossa que sempre tem uma pessoa na família que faz uma ótima feijoada.
Vocês devem imaginar que sou exigente em matéria de comida, mas feijoada pra mim é diferente. Sempre tem uma história por trás da feijoada que foi preparada. A mãe ensinou, a avó ajudou na primeira vez, um tio veio de longe ensinar seus segredos. Eu valorizo a tradição porque sempre há capricho na receita. E acho que ela deve ser passada pra frente com orgulho.
Assim, mesmo que a feijoada da sua tia não é das melhores, lembre-se que ela fez com amor, provavelmente tentando recriar a receita de alguém da família. Seja compreensivo e coma a feijoada. Agora, se sua tia aparecer com uma feijoada light, ou pior ainda, feijoada vegetariana, exija a sua expulsão imediata da família!

Receita do dia
Bolinho crocante de feijoada

Sempre sobra feijoada, e estes bolinhos são uma alternativa para utiliza-las. A feijoada, depois de refrigerada fica mais salgada. Assim, fica ótima como um petisco ao lado de uma bebida gelada. Ele fica crocante por fora e bem macio por dentro, já que o calor derrete a gordura da feijoada.

Ingredientes
Restos de feijoada
Ovos
Fatias de pão italiano torrado

Antes de levar as sobras da feijoada à geladeira, desfie as carnes, pique as lingüiças e remova os ossos.
Depois de refrigerar, faça bolinhos com a feijoada gelada com o auxílio de uma luva de látex para não grudar nas mãos. Leve os bolinhos para gelar novamente.
Esmague as fatias de pão com a lâmina de uma faca larga para conseguir uma farinha de rosca grossa.
Esquente o óleo e bata os ovos. Retire os bolinhos da geladeira, passe levemente no ovo e cubra com bastante farinha de rosca.
Frite em fogo médio até dourar. Reserve num forno aquecido enquanto frita os outros e sirva a seguir acompanhado de potinhos de vinagrete e iogurte fresco.

Um comentário:

renata disse...

Vou tentar sua receita.se ficar ruim eu te conto.kkk...